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Pesquisadores da Fiocruz relacionam gravidade da malária vivax à disfunção renal

13/04/2018

As três principais espécies de Plasmodium que causam a malária no Brasil são P. falciparum, P. vivax e P. malariae. Contudo, a segunda espécie é conhecida por ser causadora de um tipo de malária mais branda e raramente mortal. Nos últimos anos, no entanto, casos mais graves da doença têm sido mais frequentemente relatados.

Apesar das descrições clínicas do envolvimento da doença em múltiplos órgãos, dados que a associam à disfunção renal são relativamente escassos. Neste contexto, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram uma pesquisa para investigar a associação entre disfunção renal e a progressão da doença por P. vivax. Os resultados indicam que a disfunção renal, identificada pelo nível elevado da creatinina, influencia na gravidade da doença e sua consequente mortalidade.

A equipe de pesquisadores responsável pelo estudo descrito no artigo Distinct inflammatory profile underlies pathological increases in creatinine levels associated with Plasmodium vivax malaria clinical severity analisou retrospectivamente 179 pacientes da Amazônia brasileira com malária vivax: 161 com malária sintomática, 12 com malária grave não letal e 6 com malária grave letal.

Também foram analisados os biomarcadores da função renal para determinar suas associações com a progressão da doença, além de biomarcadores inflamatórios para avaliar a inflamação relacionada à disfunção renal. Níveis elevados de creatinina foram encontrados predominantemente em mulheres e pacientes que não sobreviveram.

“Apesar de todos os pacientes mais graves terem apresentado as maiores elevações na avaliação da creatinina, nem todas as alterações nesse parâmetro se refletiram em maior gravidade clínica – e a maioria das mulheres se encaixou nesse último grupo”, afirma Luís Cruz, um dos autores do artigo.